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VALÉRIA MOTTA DISSE: "CANSEI DE SER GUERREIRA".
Somos guerreira. Cresci ouvindo minha mãe, avó e tias, motivando a lutar o tempo todo, sem trégua, para conquistar um bom estudo, trabalho, esposo e uma vida melhor. Tenho que ser forte, guerrear contra o preconceito, aguentar as inúmeras violências e a falta de amor. Não tenho em minha memória os momentos de afeto vividos pelas mulheres da minha família com seus companheiros, minhas lembranças sempre recaem nas lutas que elas ainda travam na criação dos filhos, netos e na labuta diária, sem dó e sem cessar. As filhas continuam o legado da guerrilha, pois mulher preta é forte aguenta a faxina, é boa parideira para aguentar a dor, põe mais uma” trocha” na cabeça que ela aguenta. Em consequência dessa herança maldita da escravidão, querem que superemos todas situações com um sorriso estampado no rosto, enxuga as lágrimas pois afinal você é empoderada, mas, quem cuida de nós? Cansei de ser guerreira sim! Nós temos que saber falar não para os relacionamentos que nos fere, levantar o” dedo do meio” para quem nos tenta silenciar e não, não somos obrigadas a cuidar de todas as demandas sozinhas. Quero me permitir a cuidar do meu corpo, das minhas dores, tomar um copo de cerveja gelada sem culpa, ter prazer e o direito à vida. Posso me sentir fraca sim, cansada, porém, me nego a guerrear sozinha.