TATIANE PEREIRA DISSE: "CANSEI DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NEGRAS".

Cansei de ver as estatísticas e de presenciar situações de violência contra a mulher, por vezes sutis outras vezes escancaradas. Vivemos numa cultura que legitima o racismo tal como estrutura o machismo. E nesse meandro a violência contra a mulher se consolida como uma cultura da qual a sociedade se alimenta cotidianamente; por vezes para inflar egos de masculinidades e feminilidades distorcidas, em outras para sustentar posições hierárquicas entre gêneros da maneira mais ampliada do debate que se possa ter. Precisamos entender que a violência contra a mulher seja ela doméstica, física, patrimonial, sexual, moral e psicológica é a degradação da humanidade. De nada adianta lutar a favor de uma sociedade mais equânime de uma perspectiva racial, religiosa ou de classe, se não conseguimos compreender o gênero como uma categoria por vezes utilizada para acirrar as desigualdades, além de privilegiar relações de poder: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Minha intervenção é para abrirmos os olhos e não compactuarmos e nem naturalizarmos essa violência; não deve ser normal mulher sofrer neste sentido, não devemos ser coniventes com isso. Por isso, é preciso “desconstruir” e/ou “desfazer o gênero” a partir das demandas específicas e da cultura que orienta sua perspectiva de mundo: a minha é africana, e ao invés de encerrar em si, tal perspectiva me possibilita dialogar amplamente com as pessoas, com suas demandas, com o mundo e com as coisas que nele há. Saudações umojá!